Déficit de Atenção: distúrbio ou apenas distração?
- Viviane Brito
- 19 de out. de 2021
- 4 min de leitura
Déficit de Atenção: distúrbio ou apenas distração?

Déficit de Atenção é um distúrbio que atinge crianças e adultos, caracterizado primariamente pela falta de concentração em atividades rotineiras e pela impulsividade.
Pode se manisfestar de duas formas: com ou sem hiperatividade. No primeiro caso, chamamos de Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA), e no segundo, Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Mas, como saber quando uma pessoa é portadora do déficit de atenção ou apenas alguém muito distraído? Como avaliar se uma criança está apenas demonstrando uma agitação natural da idade ou manifestando um transtorno?
Para isso, é preciso conhecer a origem desses distúrbios, suas causas e sintomas. Vamos lá?!
O que é Déficit de Atenção?
Não são raras as vezes em que o portador de déficit de atenção, seja ele criança ou adulto, é visto apenas como uma pessoa distraída, que vive com a cabeça “no mundo da lua”, e não presta atenção à sua volta por mero descuido.
Apesar de o DDA apresentar essa característica da falta de foco e distração, suas causas e, principalmente, suas consequências são bem mais graves.
Os quadros de Distúrbio do Déficit de Atenção são ocasionados por uma disfunção neurológica, que afeta o funcionamento do córtex pré-frontal. Essa é a área do cérebro responsável pela atenção, organização, controle de impulsos e capacidade de expressar sentimentos, entre outras. Tal disfunção se dá, em parte, pela deficiência do neurotransmissor Dopamina.
Em função disso, a pessoa com DDA encontra sérias dificuldades ao buscar de toda maneira, a concentração necessária. Quando o indivíduo tenta excessivamente focar numa tarefa, ao invés de aumentar, a atividade do córtex pré-frontal diminui, piorando o quadro.
Por isso, o diagnóstico deve ser feito de forma precisa, para que o tratamento correto seja iniciado o quanto antes. Esse diagnóstico é clínico, e deve ser obtido em consulta com o neurologista ou psiquiatra. Os exames de imagem não são necessários, a menos que se queira descartar a presença de outras patologias.
Diferença entre DDA e TDAH
A principal diferença entre Distúrbio de Déficit de Atenção e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade está na última palavra da sigla TDAH. Ambos, na verdade, são transtornos neurobiológicos de origem genética, assim reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde – OMS.
O portador de TDAH apresenta desde a infância os sintomas de desatenção, inquietude excessiva e impulsividade. Sintomas estes que o acompanharão por toda a vida. Já a hiperatividade tende a melhorar com o avanço da idade.
Nos casos de DDA, todavia, a inquietude também aparece, assim como as outras características, comuns aos dois casos. Porém, o grau de agitação é menor, e por isso é excluída a hiperatividade.
Alguns profissionais da área utilizam as siglas TDA e TDAH ou DDA e DDAH, mostrando que a principal diferença entre elas está mesmo no H da hiperatividade.
No entanto, observa-se ainda que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade nasce com o indivíduo, e por isso é sempre mais observado em crianças. Já o DDA pode aparecer apenas na idade adulta.
Principais sintomas de Déficit de Atenção
Os sintomas de déficit de atenção vão muito além da falta de concentração e distração. Pessoas com DDA costumam apresentar com frequência dificuldade de organização (do tempo e do espaço), dificuldade de aprender com os erros, adiamento de tarefas (procrastinação), impulsividade (falar sem pensar e se adiantar nas respostas).
Além desses, alguns comportamentos, quando recorrentes, podem significar a presença do DDA. São eles:
dificuldade em ouvir os outros;
incapacidade de terminar tarefas e concluir projetos;
ausência de objetivos definidos e de planos para o futuro;
dificuldade em expressar sentimentos;
sensação de tédio e apatia;
desmotivação;
letargia;
sentimento de vazio;
dificuldade de ficar parado (desassossego);
dificuldade em ficar sentado por longos períodos em que seja necessário;
falar excessivamente ou falar pouco;
dificuldade em aguardar a vez;
intromissão ou interrupção (em conversas alheias, por exemplo).
DDA em crianças e adultos
O déficit de atenção em crianças, geralmente aparece acompanhado da hiperatividade, o que faz com que seja percebido rapidamente, preocupando pais e familiares.
Nos pequenos, o TDAH costuma estar associado à dificuldade de vivência escolar, uma vez que a agitação e desatenção atrapalham a compreensão do conteúdo e interferem no relacionamento com os colegas e professores, e até mesmo com os pais.
Porém, há de se observar com cautela o comportamento da criança, para que a alta carga de energia e as travessuras costumeiras da idade não seja tachadas como hiperatividade, resultando num diagnóstico incorreto e na ingestão desnecessária de medicamentos.
Mas, sobretudo, também é preciso que a criança com TDAH não seja tida apenas como “bagunceira”, “avoada” e “mimada”, negligenciando, assim, o tratamento correto que ela necessita.
Já no caso dos adultos, o Distúrbio do Déficit de Atenção pode se manifestar de forma menos aparente. A hiperatividade não é tão comum na fase adulta, e como citamos anteriormente, quando o TDAH acompanha a pessoa desde a infância, geralmente a hiperatividade se torna amena, e pode até desaparecer com o passar dos anos.
Todavia, os sintomas de distração e os comportamentos já mencionados são extremamente prejudiciais para o indivíduo adulto, que precisa lidar com situações que atrapalham a vida profissional e pessoal, principalmente no que tange à concentração em tarefas, à impulsividade e aos conflitos que a pessoa com DDA costuma buscar.
Tratamento para Déficit de atenção
O déficit de atenção é tratado com o uso de medicamentos com fórmulas que atuam no lugar da dopamina, regulando as atividades do córtex pré-frontal. Dessa maneira se restabelece o foco e a concentração durante o período de ação do medicamento, que costuma variar entre 12 a 24 horas, dependendo do tipo prescrito.
Entretanto, a psicoterapia deve acompanhar o tratamento medicamentoso, formando uma “dupla de ataque” contra os sintomas e comportamentos do transtorno.
Nos casos em que o grau de desatenção e hiperatividade não seja tão elevado, e que não cause tantos prejuízos no cotidiano da pessoa, é possível tratar esse distúrbio através do reconhecimento do problema, com auxílio de terapia cognitivo-comportamental.
Assim, o paciente pode adquirir domínio sobre seus sentimentos e impulsos e a disciplina necessária para gerir os comportamentos prejudiciais à sua rotina.
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