QUAL MODALIDADE DE APRENDIZAGEM DO SEU FILHO?

É um jeito de aprender saudável ou não-saudável?

Passadas várias etapas da Avaliação Psicopedagógica (Entrevista inicial com a família, EOCA, avaliação do jeito de aprender através de testes, técnicas projetivas, jogos, dentre outros, entrevista histórica com os pais, entrevista na escola), nos aproximamos de apresentar a vocês os momentos finais desse processo.

Cada passo que o profissional avança na Avaliação ele levanta um Sistema de Hipóteses a respeito dos possíveis obstáculos que impedem a criança de aprender, e durante a investigação compreende o “idioma” de cada uma delas. Isso mesmo, idioma! Assim define Alícia Fernandez a particularidade do aprender em cada indivíduo:

“(…) a construção, em cada pessoa, de uma singular modalidade de aprendizagem que, tal como um idioma, pode distinguir-se entre outros, mas que não obriga todas as pessoas que o falam a dizer, nem a pensar as mesmas coisas. O conhecimento do idioma que falamos enriquece-nos no modo de interpretar o mundo e a nós mesmos. O reconhecimento do idioma que utilizamos para aprender e ensinar permite-nos ser mais livres e criativos”.

Podemos afirmar que da mesma maneira que se constrói a inteligência, constrói-se uma modalidade de aprendizagem singular em cada indivíduo.

De uma maneira resumida, a psicopedagoga, durante a avaliação psicopedagógica, busca identificar a modalidade de aprendizagem de cada aprendiz, bem como entender se ela traz sinais de uma aprendizagem criativa e com autoria de pensamento. Isto é, se o aprendiz consegue incorporar o real externo (experiências e conceitos do mundo) a esquemas já existentes e modificá-los em suas conexões internas.

Logo, quando há um empobrecimento de seu idioma há um enrijecimento de sua modalidade de aprendizagem. E é aí que está o problema! A rigidez e a persistência de um mesmo modo de se relacionar com o conhecimento e com o outro, sem a possibilidade de flexibilização e de dar espaço para as novidades do mundo, estruturam uma modalidade de aprendizagem “adoentada”.

Então podemos definir que há modalidades de aprendizagem saudáveis e não-saudáveis?

Isso mesmo! Uma criança que aprende de forma saudável é aquela que é autora de suas ações sobre o mundo, narra, cria, inventa, desinventa, acerta, erra, deseja aprender coisas novas, aceita que não sabe tudo para dar espaço às novidades.

Já a criança que aprende de maneira não-saudável pode ser identificada ao observar-se alguns elementos, tais como:

1. É uma prisioneira do seu conhecimento – não mostrando ao mundo o que sabe, recusando-se a estabelecer relações de aprender novas coisas nas mais diversas esferas de sociabilidade (família, escola, clube);

2. Imagina que saber é um processo que tem fim – dessa forma expressa que o que sabe já lhe é suficiente e não precisa de mais nada.

3. Não reconhece que não sabe algo – imaginar que já sabe tudo faz com que a criança não necessite buscar novas situações de aprender.

É importante ressaltar que já nas primeiras aprendizagens começa a se construir a singularidade da Modalidade de aprendizagem da primeira infância. Eis algumas de extrema importância: aprender a comer, aprender a controlar os esfíncteres, aprender a caminhar, aprender a falar, aprender que pensar não é o mesmo que dizer e que dizer não é o mesmo que fazer e aprender a ler e escrever (em sentido amplo). Estas constituem moldes relacionais que intervirão nas aprendizagens posteriores da vida.

Desta forma, ao se aproximar dos momentos finais da avaliação a psicopedagoga irá ter a confirmação da Modalidade de Aprendizagem de cada criança, entendendo-a como saudável ou não, e quais caminhos serão necessários para que ultrapasse os obstáculos que estão a impedindo de aprender de forma saudável.

Tendo todos estes dados em mãos, é hora de organizar o relatório formal da Avaliação, o Informe Psicopedagógico, e preparar a conversa de devolutiva com a família sobre os resultados encontrados.

VIVIANE BRITO -PSICOPEDAGOGA